O novelista Manoel Carlos já tinha anunciado em inúmeras entrevistas que
não iria inovar, faria o mesmo de sempre com sua marca registrada e
assim foi a estreia de "Em Família" na última segunda-feira, dia 3, na
Globo. A novela que mostrou a formação de caráter e vida da protagonista
Helena, interpretada por Juliana Davila e pela ótima Bruna Marquezine,
já nas cenas iniciais uma mocinha nada permissiva, mas sim atrevida e
audaciosa, provocando o namoradinho Laerte e amigo Virgílio, além de
fazer o tio, marido de sua tia, suar frio de tesão.
Com "Em Família" a Globo assume a briga em ter uma novela mais clássica,
não existe aquele diálogo banal e nem mesmo aquelas cenas extremamente
rápidas para conquistar o público pela banalidade, mas sim diálogos
completos e repletos de lições de vida, marca que Maneco impregnou em
suas novelas desde sempre.
A cutucada na sociedade começa já na primeira cena, em tempos que
evangélicos tentam pautar todos os assuntos da sociedade Maneco coloca
de cara a cena de batizado de Helena com um sermão clássico da Igreja
Católica, mostra a infelicidade de um casal de quarenta e poucos anos e
um barraco daqueles, só faltou mesmo a morte o casamento, mas já mostrou
a chatice de Chica, a contrariedade de de Selma e a infelicidade de
Juliana, que na terceira e última fase da trama serão interpretadas por
Nathália do Vale, Ana Beatriz Nogueira e Vanessa Gerbelli.
Helena mostra-se dividida entre o amor do primo e a vontade de ser
livre, provoca o amor no amigo 'pobre da família' e o defende com unhas e
dentes, Helena vai acabar casando com ele e nutrirá uma vida de
respeito, isso tudo ficou claro já na primeira cena juntos.
Na sua última novela a inovação seria incoerente o novelista mostra que
domina o tema familiar e que não vai se render ao nulo para conquistar
mais audiência por menos, afinal, este foi apenas o capítulo inicial da
novela e é impossível avalia-la num todo desde já.