Na novela Em FamÃlia, existe tudo o que Maneco sempre colocou na casa
dos telespectadores de todo o mundo - para quem não sabe Manoel Carlos
escreveu novelas para o México e outros paÃses da América Latina, além é
claro das novelas Laços de FamÃlia (2001), Mulheres Apaixonadas (2003) e
Páginas da Vida (2006) vendidas para o exterior.
Tudo mesmo, os dramas familiares da classe média alta da zona sul
carioca com um alcoólatra, o negro, o casal que vive de aparência, o mal
amor, o amor demais, as traições e a Helena, desta vez magistralmente interpretada por Júlia Lemmertz.
O pior de tudo que esta Helena, assim como a última de ThaÃs Araújo,
parece não ter conquistado o público. Lemmertz é de longe uma grande
atriz, de um talento gigantesco capaz de segurar qualquer rojão, tanto
que em seu último trabalho, na novela Fina Estampa de Aguinaldo Silva,
ela deu um show como a empresária que queria ter um filho e recorreu Ã
inseminação artificial e teve de enfrentar problemas com o marido,
interpretado por Dan Stulbach.
Se em Viver a Vida (2009) a Helena de ThaÃs Araújo enfrentou o
preconceito do brasileiro - negra, bem sucedida, determinada e que fez um aborto -, Lemmertz enfrenta a falta de entendimento da
personagem, que aparece em cena extremamente carrancuda e tal rancor é sem sentido, afinal, foi ela quem provocou com a sua intensidade de adolescente toda tragédia da primeira e segunda fase da novela.
As demais Helenas, interpretadas por Maitê Proença, Vera
Fischer e três vezes por Regina Duarte, transbordavam emoção, era muito
mais intensificadas no amor ao próximo do que ao si mesmo, a mudança
começou a acontecer com a Helena de Mulheres Apaixonadas interpretada
por Christiane Torloni, a mudança ali era elogiada por fazer desta
personagem a mais humana da saga.
Comparadas com as colegas que já interpretaram o papel é complicado,
pois a experiência de Regina Duarte como mocinha é fora do comum na
televisão brasileira, tanto que somente ela fez três das Helenas e todas
magistralmente. O que falta na novela Em FamÃlia, além da direção mais
apurada ao texto do autor, é a própria identificação do novelista com a
obra.
Está faltando Maneco na novela do Maneco.
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