Quando Luis Alberto Betônio andava com dois amigos pela avenida Paulista
na madrugada de 15 de novembro de 2010 jamais poderia imaginar que
seria protagonista em 2013 de um curta metragem sobre ataques
homofóbico. Betônio, que hoje prefere não tocar mais no assunto, em
entrevista à revista Época, dias após as agressões, Betônio disse que
que 'vida se divide em antes e depois daquele dia' e completou: 'pensei
que fosse morrer'.
O cineasta Daniel Grinspum está gravando o curta metragem 'Laio' que
conta justamente o ataque homofóbico, mas o cineasta desfoca das vítimas
e coloca como pano central da história os agressores. Conta a história
de um garoto que sai em uma noite de sexta-feira para se distrair e
lidera o violento espancamento.
"Meu desejo é discutir a situação. Só apontar culpados é importante, mas
existem outras coisas por trás. Tem skinheads e evangélicos loucos que
pregam a homofobia radical, mas também tem um preconceito quase natural.
A gente vive numa sociedade homofóbica, e esses atos são reflexo disso.
O filme não deixa de tratar os gays como vítimas dos ataques, mas é
sobre por que eles acontecem" em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo
de segunda (13), "É um exercício de reflexão, olhando para os dois lados
da moeda."
O título vem da mitologia grega, Laio é o pai de Édipo, que foi
amaldiçoado e morto pelo filho por ter se envolvido com outro homem, mas
conta que a ideia não é 'vilanizar' o agressor, mas sim "Traçar um perfil
dele".
O agressor 'da vida real' é filho de um homem envolvido com teatro, e
foi isso, segundo reportagem da Folha que levou Grispum a produzir o
curta "Aquilo me chocou porque mesmo vivendo num mundo de cabeças mais
abertas esse menino ainda fez isso. Não é a imagem do homofóbico que eu
tinha."