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OPINIÃO: População trans precisa entender "A Força do Querer"

Carolina Duarte vive Ivana o personagem trans de "A Força Do Querer" (Gshow/Divulgação)
A novelista Gloria Perez está sendo acusada de transfobia por ter escalado a atriz Carolina Duarte para o papel de Ivana na novela "A Força do Querer", na novela a personagem Ivana é uma jovem que não se reconhece no corpo de nascimento, o feminino, e passa a ser questionada pela mãe e pela melhor amiga pela atitudes em torno da sexualidade, o drama do personagem é um ganho para o público trans (transexual, travesti e transgênero) devido ao seu destaque e enredo original na novela.

Gloria sempre foi a frente de seu tempo, suas novelas sempre discutiram assuntos que na sociedade brasileira estava dentro da gaveta ou escondido dentro do armário. Foi assim, em todas as suas novelas anteriores, abordando do tráfico de humanos ao vírus da Aids em novelas como "Salve Jorge", "Caminho das Índias", "América", "O Clone", "Explode Coração", "De Corpo e Alma", "Barriga de Aluguel", "Carmem" e "Partido Alto", GERALDOPOST já listou os assuntos abordados nestas novelas em outro post LEIA AQUI.

Escalar a personagem cisgênero - pessoa que se identifica com o gênero de nascimento - para interpretar a personagem Ivana, tem lhe custado caro. Imprensa e sites especializados no público LGBT (lésbica, gaus, bissexuais e transexual, travesti e transgênero) tem criticado de forma veemente a autora, inventando frases e tirando frases do contexto original em busca de cliques). Na novela, Ivana é uma moça que passa a questionar o seu corpo, não gosta do volume dos seios, não se sente atraída pelo garoto que a paquera e não tem a vaidades feminina do uso de maquiagem e adereços.

Ela foi criada pela mãe como uma cópia de si, quando ainda bebê era garota mais fashion do país, sendo uma modelo mirim sendo capa de revistas, como vimos muito na década de 1980 e 90 em revistas como Crescer, Pais & Filhos e comerciais como da Parmalat, por exemplo. O texto da novela leva a entender que Ivana tem algum distúrbio - afinal a transexualidade é considerada um distúrbio de identidade de gênero pela Organização Mundial de Saúde, OMS, o que tem sido questionado por cientistas que querem tirar a transexualidade do catálogo de doenças.

Gloria, através do texto tem levantado uma série de questões relacionadas à construção do personagem, nos 18 capítulos iniciais que foi ao ar até sábado (22) ela tocou em assuntos relacionados à transexualidade, como por exemplo: Joyce (Maria Fernanda Cândido) questionou a filha sobre a vestimenta inadequada (não apropriada para menina) e o não interesse pelo sexo oposto reforçando a heteronormatividade na sociedade.

A autora foi questionada pro inúmeros veículos de comunicação, inclusive por GERALDOPOST (LEIA AQUI) sobre escalar uma cisgênero para o papel e ela foi categórica, "Não estou fazendo documentário", a frase tem repercutida de forma errônea, a autora está certa sobre o assunto, que graça teria colocar uma trans já com o gênero de identificação para fazer um personagem que luta pela aceitação? Será que o público conseguiria entender o processo de não identificação da personagem se já de cara ela mudasse de gênero? Lembremos que em "Babilônia" (2014) na segunda cena da novela foi mostrado o beijo gay entre duas personagens e foi um do assuntos em que afugentou o público para o fracasso de audiência.

A autora está construindo a personagem sobre os olhos da humanidade para que o público a aceite assim como em Salve Jorge, em que Maria Clara Spinelli interpretou Anita, uma trans que sonhava em fazer a cirurgia de resignação sexual e cai na lábia dos traficantes de humanos e é prostituída na Turquia. Em "A Força do Querer" e em "Salve Jorge" a transexualidade tem sido abordada de forma concisa e e coerente.

Ontem vimos a entrada do personagem Nonato (Silvero Pereira), ele sonha em encenar seu espetáculo de transformista como a personagem Elis Miranda e está no Rio de Janeiro em busca de oportunidade de trabalho como muitos migrantes nordestinos no sudeste, na primeira semana de maio entrará a personagem cabeleireira Jane di Castro, que ajudará Nonato no seu sonho e em maio 12 de maio Spinelli entrará na novela vivendo uma vilã cisgênero.

O LGBT e seus militantes precisam prestar mais atenção na novela e até mesmo ler mais sobre o assunto antes de sair criticando, Gloria tem dado várias entrevistas e até mesmo no site do Gshow estes assuntos tem sido abordado em reportagens, como a de Carolina Duarte sobre sua personagem Ivana, Silvero Pereira sobre Nonato e Jane di Castro na revista Veja sobre sua participação. Nos três links citados dá para entender um pouco melhor a questão que tem sido levantada pela autora.

A população trans abordada de forma jocosa na imprensa e até mesmo nas telenovelas brasileiras precisa comemorar esta oportunidade de abertura aos assuntos que lhe diz respeito, à imprensa do contra eu só sinto muito.

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1 Comentários

Unknown disse…
Amei a postagem, consegui compreender perfeitamente a trajetória da novela.