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Lula não foi ao debate da Globo em 2006, preferiu fazer o comício que já estava agendado


A ausência do candidato à presidência da república Jair Bolsonaro (PSL) ao debate da Rede Globo na noite de quinta (4), não é algo inédito. A ausência de Bolsonaro foi anunciada e justificada através de um atestado médico, que pedia que ele evitasse falar mais do que 10 minutos seguidos. Para provocar a emissora, Bolsonaro gravou uma entrevista, ainda na tarde de quinta, para a Record TV, arqui-inimiga da Globo.

Durante o debate da Globo, Bolsonaro foi alvo até mesmo de provocação de Marina Silva, que disse que o candidatou arregou ao encontro.

Em 2006, Luis Inácio Lula da Silva (PT), que foi proibido de concorrer ao pleito em 2018, por estar preso, também não compareceu ao debate da Globo no primeiro turno. Há 12 anos, Lula decidiu por cumprir sua agenda de campanha e fazer um comício em São Bernardo do Campo, em nota oficial na época, Lula disse que "é fato público e notório o grau de virulência e desespero de alguns adversários, que estão deixando em segundo plano o debate de propostas e idéias, para se dedicar, quase exclusivamente, aos ataques gratuitos e agressões pessoais".

Os candidatos que participaram do debate foram Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT).

AINDA EM 2006

As pesquisas de intenções de voto na época mostravam que Lula seria eleito no primeiro turno das eleições, com 49% dos votos, enquanto o candidato em segundo lugar, Geraldo Alckmin (PSDB) aparecia com 33%. Heloísa Helena (PSOL) 8% e Cristovam Buarque com 2%. Ana Maria Rangel, José Maria Eymael (PSDC), Luciano Bivar (PSL) e Rui Costa Pimenta (PCO) não atingiram 1%.

Ainda naquele pleito os segundo turno das eleições marcou um fato histórico, Geraldo Alckmin, candidato tucano teve menos votos do que no primeiro turno. Na atual eleição, Alckmin aparece em 4º lugar nas pesquisas em um vexame histórico para o PSDB.

Em 1989...

O Brasil voltaria a escolher um presidente da república com voto direto após 29 anos de Ditadura (1968-1985). A Globo fez um debate entre 10 candidatos, outros 13 ficaram de fora. Após o primeiro turno, Fernando Collor de Melo (PRN) e Lula disputaram o segundo turno das eleições e no debate realizado pela TV Globo, aconteceu uma das mais notórias polêmicas e manipulações da história do jornalismo brasileiro.

A Globo foi acusada de ter favorecido Fernando Collor, no site Memória Globo, a emissora relata o momento no espaço "Erros", que tem ainda aba "Diretas Já". "A Globo foi acusada de ter favorecido o candidato do PRN tanto na seleção dos momentos como no tempo dado a cada candidato, já que Fernando Collor teve um minuto e meio a mais do que o adversário", relata a emissora.

Na época, Lula moveu uma ação contra a emissora no Tribunal Superior Eleitoral - TSE, exigindo que novos trechos do debate fossem apresentados no Jornal Nacional, como direito de resposta, mas o recurso foi negado. A manipulação, visível ganhou protestos, os artistas da própria emissora, junto com outros artistas e intelectuais protestaram contra a edição do debate.

Na época, os dois debates foram exibidos por quatro emissoras simultaneamente: Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT. Ainda no site, a Globo conta que antes mesmo de toda polêmica ser instaurada o PT reconheceu que Lula não "saíra bem no confronto com Collor". E que os editores, anos depois, afirmaram que a edição do debate se deu no mesmo critério de um jogo de futebol, deixando claro que Collor foi "vencedor":

"Os responsáveis pela edição do Jornal Nacional afirmaram, tempos depois, que usaram o mesmo critério de edição de uma partida de futebol, na qual são selecionados os melhores momentos de cada time. Segundo eles, o objetivo era que ficasse claro que Collor tinha sido o vencedor do debate, pois Lula realmente havia se saído mal"

Anos depois, a Globo decidiu que os debates não seriam mais editados e gravados, que a transmissão seria sempre ao vivo.

ABUSO

A entrevista de Jair Bolsonaro para a Record TV (reprodução/divulgação acima) causou grande estranhamento e infringe leis, a Record TV, acabara dando a Bolsonaro mais tempo na TV do que aos demais candidatos. Ainda na quinta-feira, os líderes do PT, PDT e PSDB entraram com recurso no STE para proibir a entrevista de ir ao ar. "Apesar de Jair Bolsonaro se negar a debater com seus adversários, pretende se utilizar do tempo de uma empresa concessionária de serviços públicos [a Record] para, de forma privilegiada, expor ao público tudo aquilo que pensa", disse em nota a coligação do PT.

Na terça (3), o líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, anunciou em suas redes sociais o apoio à candidatura de Bolsonaro. Dois dias depois, o diretor de jornalismo da emissora estava com Bolsonaro fazendo uma entrevista com perguntas propícias para o candidato, não o questionou sobre absolutamente nada em uma campanha disfarçada de jornalismo.

Na quinta, duas horas antes da entrevista ser exibida, o ministro do TSE liberou a veiculação da entrevista, alegando "liberdade de expressão".