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Coletivo Democracia Corinthiana pede o fim do grito homofóbico nos estádios

O Coletivo Democracia Corintiana, publicou em suas redes sociais um manifesto para acabar com a homofobia nos estádios brasileiros, "Não grite bicha, grite Corinthians!", publico o coletivo no Facebook, o apelo em forma de campanha ganhou apoio de muitas pessoas, porém ainda não o suficiente para acabar com o machismo.

Parte da torcida, pede para que o grito "bicha" durante a cobrança de tiro de meta, por parte do São Paulo, fosse banida. O que na prática, não aconteceu. O fim da homofobia, também é apoiado pela maior torcida organizada do time, a "Gaviões da Fiel", que desde 2016, tenta acabar com o grito homofóbico.

Abaixo, GERALDOPOST reproduz a nota da torcida "Gaviões da Fiel" e na sequência um post do "Meu Timão", site de torcedores e fãs do time paulista.

"Nossa torcida vem se adaptando à nossa nova casa e uma nova forma adotada nos setores Leste, Oeste e Sul de "secar" o adversário nas cobranças de tiro de meta do goleiro adversário em todos os jogos é gritando "bicha". Isso começou em um jogo da Libertadores em 2012, contra o Cruz Azul, do México, em alusão ao que eles fazem lá contra os visitantes, e depois adaptado contra o São Paulo. Agora tornou-se algo incessante. Pois bem, queremos acabar com isso", dizia a nota.

1) O que você grita para o adversário, em um jogo de futebol, diz mais sobre você do que sobre o adversário.

2) O historiador Eric Hobsbawm cunhou o termo "tradição inventada" para caracterizar falsas tradições associadas a uma cultura, comunidade ou associação. Em 2021, completo 50 anos de estádio. Não me lembro de um "futebol raiz" que incluísse a estigmatização do outro em razão de uma suposta orientação sexual.

3) Estudando a história do Timão no Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO), certificamo-nos de que as diferenças com o São Paulo Futebol Clube são originárias de diferenças classistas. O Corinthians é o time dos operários, carroceiros e lavadeiras. O tricolor nasce da fusão de equipes identificadas com os valores da elite, dos bacharéis e dos filhos da burguesia cafeeira ou industrial bandeirante.

4) É preciso esforço enorme para transformar o outro, supostamente endinheirado e janota, em proscrito por uma suposta orientação sexual.

5) Opa, no estádio tudo é liberado? Não! Por isso, o racismo é crime, dentro e fora dele. O que se diz no estádio repercute, gera marcas de memória e, inconscientemente, molda pensamentos, reforça crenças e determina comportamentos.

6) O Relatório 2017 do Grupo Gay da Bahia registrou 445 mortes de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis no Brasil naquele ano. Significa que, a cada 19 horas e 40 minutos, uma pessoa LGBT foi morta ou se matou em 2017. Portanto, se pretendemos mesmo um país civilizado, parece inconveniente estigmatizar pessoas por suas identidades ou orientações afetivas.

7) O Brasil segue como o país onde mais transexuais são mortos, de acordo com dados da Transgender Europe (TGEU). Entre 1º de outubro de 2017 e 30 de setembro de 2018, 167 transexuais foram mortos no Brasil. A pesquisa coletou dados em 72 países.

8) Alguém alega: "mas isso não tem nada a ver com homofobia". Ora, se a ideia é enervar, diminuir ou provocar o adversário, é certo que a escolha dos termos envolve um conceito de depreciação. Ninguém grita para os sãopaulinos expressões que remetam ao mundo dos homens heterossexuais bem-sucedidos. Portanto, o que está em evidência é realmente o uso de um rótulo de mácula social.

8) Bambi é somente um personagem do mundo da fantasia? Não, é a representação de um animal associado ao termo depreciativo mais comum aplicado aos homossexuais.

9) E ainda há quem acredite que tudo se deve a uma maligna conspiração vermelha. Bem, boa parte da crítica delirante à postura respeitosa vem do famoso texto "As origens do politicamente correto", de William S. Lind, um norte-americano identificado com a extrema-direita norte-americana. Onde esse conteúdo circula? Em fóruns como o Stormfront, dos suprematistas brancos, com forte viés neonazista. Lind é daqueles caras que negam o Holocausto e que reclama até hoje porque o Sul escravista perdeu a Guerra de Secessão.

10) História à parte, cabe uma referência ao "Vai pra cima delas, Timão". Parece sonoro? Parece. Anima a torcida? Frequentemente. Ora, mas se fosse elogio não seria um cântico entoado pela massa. O termo "elas" remete a mulheres, neste contexto tidas como mais fracas, incapazes ou impróprias ao esporte bretão. A referência, portanto, tem a capacidade corrosiva de tomar emprestados conceitos da homofobia e também do machismo.

11) Meu pai e meu avô sempre me ensinaram que a melhor forma de torcer era honrar nossas virtudes originais. O Corinthians é povo, é garra, é resistência, é a fibra do campeão dos campeões. Segundo eles, no estádio ou fora dele, devemos canalizar nossas energias para enaltecer nossas cores e nossos representantes dentro de campo. O Corinthians é grande, sempre altaneiro, do Brasil o mais brasileiro. Que nossos atletas em campo, na busca deste sonhado tricampeonato, ouçam este nobre estímulo da verdadeira tradição mosqueteira.

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