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"Laços de Família" volta nesta semana: relembre cenas, polêmicas e censura

A novela Laços de Família volta ao ar nesta segunda (7) no Vale a Pena Ver de Novo, esta é a segunda trama de Manoel Carlos a estrear no último mês, a primeira foi Mulheres Apaixonadas (2003) que estreou dia 24 no VIVA, na trama Helena é vivida por Vera Fischer. Helena é mãe de Camila (Carolina Dieckmann) e Fred (Luigi Baricelli), dona de uma clínica de estética que está em busca de um novo amor, "agora com um homem mais velho", mas é pelo jovem Edu (Reynaldo Gianecchini) por quem ela se apaixonada e vive um tórrido romance, para desgosto de Alma (Marieta Severo), mas Edu e Camila se apaixonam e Helena abre mão deste grande amor "por amor" à filha e depois, quando Camila é diagnosticada com leucemia, ela engravida de Pedro (José Mayer), primo com quem teve um romance no passado e que é pai da jovem e, mais uma vez, abre mão de um novo amor Miguel (Tony Ramos) para salvar a filha de uma leucemia.


Vera vinha de uma má fase pessoal, sua vida foi devastada pela imprensa e sua imagem aparecia constantemente envolvida em escândalos, com o ex-marido e na tentativa de ter de volta a guarda do filho. Procurada, a atriz não quis falar sobre o retorno da novela, mas alguns pontos variavam entre ficção e realidade. Em entrevista na época, Fischer se apresentava em sua melhor forma: "Meus filhos estão ótimos, estou bem e ganhei um papel em uma novela das oito especialmente escrito para mim. Estou em uma fase ótima", disse em entrevista à Folha (4/6/2000), procurada a atriz não quis falar sobre o papel.

Mas não foi apenas Helena, que foi especialmente escrita para a sua intérprete. A atriz Carolina Dieckmann conta que Camila foi especial: "Foi muito intenso para mim desde o começo. Primeiro porque o Maneco falava abertamente que tinha escrito a personagem para mim, então era uma alegria e uma responsabilidade ao mesmo tempo. E também porque eu tinha acabado de ter o meu primeiro filho. Quando fomos para o Japão gravar, era a primeira vez que eu me separava dele, que estava com oito meses na época", conta.

Dieckmann relembrou o caso também no programa Altas Horas, ela fazia Por Amor, também de Manoel Carlos, e a última cena da personagem, em meados de Junho de 1998, era um final feliz (com direito a gravidez), mas a atriz havia acabado de sofrer um aborto espontâneo: "A Vera Holtz, que fez a novela comigo, praticamente me adotou naqueles dias e me disse que eu não conseguiria gravar aquele final. A gente conversou com o Manoel Carlos, ele disse que reescreveria o fim da novela, mas que depois escreveria uma novela só para mim. E foi o que ele fez em Laços de Família", disse, em entrevista a Serginho Groismann.

Camila foi um divisor de águas na vida da atriz, e a cena que a personagem raspa a cabeça foi a mais marcante para ela: "A cena mais marcante com certeza é a que ela raspa a cabeça. Foi a cena que veio logo depois de uma cena também muito marcante, quando cortaram o meu cabelo por dentro para parecer que eu estava perdendo cabelo. Essas duas cenas foram um rito de passagem. Foi quando a personagem entrou de uma maneira física em mim, ali eu encontrei fisicamente com a Camila", comenta a atriz, que completa: "Eu sinto que ela estava mais forte do que nunca, e isso passou para cena, não fui só eu que senti. Acho que todo mundo que vê a cena identifica que tem ali um encontro físico da personagem com a atriz".

ESTREANTES

Para a atriz Marieta Severo, o que ficou mais marcado em sua vida foram os bastidores da novela: "Por mais que eu me lembre da história da novela e dos momentos de gravação, o que eu mais me lembro é do clima entre a gente, que era muito bom. Me lembro do Giane e da Juliana (Paes) começando, das nossas conversas. Continuo acompanhando o trabalho deles como uma mãe, com muito orgulho", conta a atriz. "Essa novela foi um ponto de virada espetacular na minha vida. Eu já tinha estreado no teatro, mas foi o meu primeiro trabalho na televisão. Me deu uma outra dimensão sobre as coisas e uma oportunidade muito grande de dar continuidade à profissão", conta o ator Reynaldo Ginecchini, que assim como Juliana Paes debutou em "Laços". 

"A cada capítulo tinha um frisson e uma expectativa na minha família para saber se eu iria aparecer naquele dia", conta a atriz que viveu Ritinha, uma empregada que caía na lábia do patrão galanteador Danilo (Alexandre Borges). Engrossam o coro os atores Luigi Baricelli e Giovanna Antonelli: "Era um time inteiro querendo que aquilo desse certo. Fazíamos a novela com a alma. E, por mais que fosse uma história densa, nos bastidores tínhamos muitos momentos divertidos, o que cria hoje uma nostalgia, uma lembrança muito gostosa", diz o ator. Giovanna completa: "Estávamos todos muito dedicados e muito envolvidos no trabalho. Acho que deu tão certo porque o público gosta de ver histórias humanas. O Maneco tem esse dom de traduzir o ser humano e de não ficar na superficialidade. A Capitu foi um divisor de águas na minha carreira", a personagem foi inspirada em uma reportagem publicada na Revista da Folha.

Débora Secco conta que os bastidores deu jus ao título da novela: "Foi um período maravilhoso, uma das melhores novelas que eu já fiz. Era um elenco e uma equipe muito unida. O elenco virou uma família como no título da novela. Todo mundo era muito junto, muito amigo. Somos próximos até hoje", completa a atriz.

UMA HISTÓRIA, QUE PODERIA SER A SUA

As chamadas da novela já anunciavam, "Laços de família, uma história que poderia ser a sua" e esta foi vertente do enredo da novela, não apenas com os protagonistas Helena, Camila, Edu e Miguel (Tony Ramos), mas com as tramas paralelas. Tony dividia a cena com o ator Flavio Silvino, que vivia Paulo, um jovem que após sofrer um acidente ficou com sequência físicas e neurológicas, na vida real Flavio sofreu um acidente de carro em 1993 e Maneco o trouxe de volta em cena em Laços de Família, em um papel emocionante.

"Acho que, mesmo com todas as mudanças que ocorreram no mundo nesses últimos 20 anos, com o avanço da tecnologia, ‘Laços de Família’ continua sendo atual porque o Maneco lida com o interior do ser humano, com suas paixões, e isso não tem tecnologia que mude", comenta o ator Alexandre Borges.

Outra história humana da novela é o relacionamento de Viriato (Zé Victor Castiel) e Yvete (Soraya Ravenle): "A novela, naquela época, já discutia temas fortes como o do meu personagem, que era a impotência sexual. São discussões que continuam absolutamente necessárias", conta o ator que vivia o segurança 'inseguro' com seu problema. "Acredito que isso se deve à condução da história do casal. Ela poderia ter abandonado o marido ou ter colocado ele contra a parede, mas não: foi compreensiva e o apoiou o tempo todo”, analisa Ravenle.

"Acho que no caso das crianças tivemos uma cena que foi um excesso e um pecado de todos nós. Foi a cena em que Clara (Regiane Alves) era atropelada com a filhinha no colo. Fiquei apavorado de ver que ela teve de repetir a cena, cheia de tensão, dez vezes. A menina chorava e a cena se repetia. Ela não conseguiu mais trabalhar na novela e teve de ser substituída. Com relação às cenas de sexo, acho que estavam dentro de um realismo possível", disse o novelista à Folha (19/02/2001).

CINTADAS E JUDAS

A atriz Deborah Secco viveu a maquiavélica Íris, irmã caçula de Helena, que com a morte do pai (Fernando Torres) e posteriormente da mãe (Lília Cabral), mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a infernizar a vida de todos. Secco conta que mal conseguia sair nas ruas na época: "Eu mal conseguia sair na rua, o que para mim era maravilhoso. Sinal de que o trabalho que eu estava fazendo estava indo para um caminho legal".

A personagem, era dúbia, ao mesmo tempo que infernizava Cíntia (Helena Ranaldi), ela dava o troco em Camila a chamando de Judas, quando Camila rouba o namorado da mãe. "Ela tinha uma mistura de sentimentos. Invejosa em alguns momentos, em outros, generosa. Muito apaixonada pela família. Era aquela pessoa que ninguém ama", conta Débora que chegou a apanhar de verdade em cena. A primeira foi de Lília Cabral, em discussão deu um tapa na cara de Íris, mas foi tudo combinado. Na outra, Silvia (Eliette Cigarini) errou ao pegar um chicote e deu uma bela surra na atriz.

Secco conta que ajudou na criação da personagem, um tanto quanto infantil e caipira. "Participei da construção do figurino, sugeri o macacão, as chiquinhas... Eu achava que ela tinha aquele universo infantil de quem cresce longe da cidade grande", conta a intérprete de Íris, única papel nas novelas de Manoel Carlos.

ELENCO E CENSURA

Carla Diaz e Zé Victor castiel em cena, como Rachel e Viriato
No começo da novela, uma cena em que Clara (Regiane Alves) é atropelada com a filha no colo precisou ser repetida inúmeras vezes e sempre com a criança no colo que em cena berra de verdade, a atriz precisou ser trocada ao longo da novela e Julia Maggessi, com então dois anos ficou com o papel. "Acho que no caso das crianças tivemos uma cena que foi um excesso e um pecado de todos nós. Foi a cena em que Clara (Regiane Alves) era atropelada com a filhinha no colo. Fiquei apavorado de ver que ela teve de repetir a cena, cheia de tensão, dez vezes. A menina chorava e a cena se repetia. Ela não conseguiu mais trabalhar na novela e teve de ser substituída", comenta o autor em entrevista (Folha, 19/2/2001).

Os bastidores foram marcados por polêmicas na justiça: "Na verdade, o problema foi menor do que parecia. Para mim, o pior foi tirar as crianças das cenas já escritas. Isso deu um trabalho de 15 dias. Foi necessário regravar algumas cenas. E isso impulsionou a novela. Teve gente que não via antes e passou a ver. Essas coisas sempre beneficiam", conta Maneco também para a Folha. Outra curiosidade envolvendo as crianças está no revezamento dos irmãos Natan e Andrey Linhares para viver Bruninho, filho de Capitu. 

Na reportagem "Novela 'Laços de Família' é censurada", do jornal O Estado de S Paulo (15/11/2000), a reportagem conta como a Globo teve de esticar o Jornal nacional em 10 minutos para que a trama começasse às 21h e não às 20h50, como acontecia, o fato se deu após a novela ser reclassificada como proibida para menores de 14 anos por causa da exibição de "cenas com conotação sexual e de violência". Além disso, os atores menos de 18 anos não poderiam mais participar da novela, na época eram os atores:

Andrey Linhares - Bruninho
Carla Diaz - Rachel
Julia Almeida - Stella
Julia Maggessi - Nina
Natan Linhares - Bruninho
Samuel Melo - Tide

"Essa estratégia será adotada pela emissora até sábado, caso ela não consiga suspender a liminar do juiz da 1.ª Vara da Infância e da Juventude, Siro Darlan, que, segundo assessores, dará entrevista coletiva amanhã à tarde, após uma semana de viagem. Pela manhã, a Rede Globo entrará com agravo regimental, pedindo reavaliação do processo pelos desembargadores do Tribunal de Justiça. O primeiro recurso já foi indeferido", informa a reportagem do Estadão.

A Globo amargou, com a censura, um prejuízo em R$ 100 'porque a gravação do casamento feita na segunda-feira [na época] passada não poderá ser aproveitada. Hoje (15/11/2000), foi gravada - sem a participação de menores - o capítulo que vai ar ar na terça-feira, com a festa da recepção do casamento', relata a matéria.

"Além de autor da novela, e um autor muito consciente, tenho uma filha adolescente de 17 anos que trabalha nela (a personagem Stela) e não admito e não permito que um juiz ou o até presidente da República, seja lá quem for, interfira no meu direito de pai, de autorizar milha filha a participar da novela", declarou o autor de Laços de Família, Manoel Carlos. Para o diretor da novela, Ricardo Waddington, a decisão do juiz Siro Darlan é "inconstitucional" e "nociva à identidade cultural do País".

"É uma arbitrariedade preocupante, um ato de censura semelhante ao que aconteceu na época da ditadura, e é preciso dizer um não a isso", declarou a novelista Glória Perez. "Com relação ao horário, eles estão chovendo no molhado. A novela entra todos os dias entre 20h55 e 21h05, à exceção das quartas-feiras, por causa do futebol", disse Manoel Carlos em entrevista na época ( Folha, 16/11/2000). "Quanto ao marketing, gostaria que fosse isso, mas não é. É censura mesmo, com as características que tão bem conhecemos. E uma censura que chega cheia de saudades do autoritarismo, que vem com mais sede e fome e que começa como sempre: o Estado pretensamente em defesa da família. Depois, será o Estado em sua própria defesa. É quando se proíbem críticas ao governo", criticou o novelista.

A Globo só conseguiu o direito de gravar com as crianças em 8/12/2000.

ÚLTIMA NOVELA

Segundo site Memória Globo, o autor Manoel Carlos contou que a ideia central de Laços de Família partiu da leitura de uma notícia de jornal: 

"Nos Estados Unidos, em 1990, a mãe de uma jovem com leucemia engravidou para salvar a filha. A história parecia tão boa que o autor deu como certa sua adaptação pelos estúdios de cinema. Quatro anos depois, nem sinal de um filme sobre o assunto. Em 1995, decidido a resgatar a história, ele encomendou uma pesquisa completa e escreveu a sinopse. O sacrifício da mãe pela filha é um dos temas caros ao autor, que já havia explorado situações semelhantes nas novelas História de Amor (1995) e Por Amor (1997)", conta o site.

Com o final de Laços, Maneco disse, segundo o colunista Daniel Castro, que já tinha avisado a Globo que teria sido sua última novela, em vão: Um ano e meio depois Maneco já estava envolto com a produção/sinopse de Mulheres Apaixonadas, no ar no Canal VIVA, e ainda escreveu outras três para a Globo: Páginas da Vida (2005), Viver a Vida e Em Família (2012) e se aposentou.

A novela traz no elenco Vera Fischer, Reynaldo Gianecchini, Marieta Severo, Juliana Paes, Helena Ranaldi, Daniel Boaventura, Júlia Almeida, Henri Pagnoncelli, Walderez de Barros, Leonardo Villar, Soraya Ravenle, Zé Victor Castiel, Ana Carbatti, Luciano Quirino, Thalma de Freitas, Marly Bueno, Umberto Magnani, Xuxa Lopes, José Mayer, Paulo Figueiredo, Vanessa Machado, Juliana Silveira, Cynthia Benini, Claudio Gabriel, Arlete Heringer, Max Fercondini, Monique Curi, Leon Góes, Inez Viana, Paulo Zulu, Carla Diaz e Alexandra Richter, entre outros.

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