O enredo da novela, mostrava o relacionamento dos jovens, padrasto e enteada, que se apaixonam, ela engravida e resolvem se casar. O que causou muita comoção 'moral', já que a da jovem se apaixonou pelo namorado da mãe, Helena (Vera Fischer). A partir daí, o romance entre os dois passou a ser julgado na ficção e na realidade. Camila, engravidou capítulos depois e quando decidiram se casar, a trama passou a sofrer censuras da igreja. Como se não bastasse, o Ministério Público que estava no pé da Globo, desde setembro, daquele mesmo ano, entrou com uma liminar em que proibia a emissora de exibir cenas com menores de idade, alegando que a emissora não tinha alvará para o trabalho dos atores menores de idade.
A Globo chegou a gravar cenas do casamento na Igreja São Pedro de Alcantara, na Urca, mas a Igreja Católica proibiu a emissora de exibi-las, enquanto isso a Central de Atendimento do Telespectador, passou a receber uma enxurrada de ligações pedindo que a emissora desistisse de exibi-las, segundo o Estadão. As cenas foram regravadas em uma Igreja cenográfica de Terra Nostra, ainda segundo o Estadão.
A Globo teve de esticar o Jornal Nacional para até 21h, já que o juiz Ciro Darlan conseguiu uma liminar em que proibia a emissora de exibir a novela antes das 21h. Para a Folha, o autor Manoel Carlos disse que "eles estão chovendo no molhado. A novela entra todos os dias entre 20h55 e 21h05, à exceção das quartas-feiras, por causa do futebol".
Segundo reportagem da época, Nina (Julia Maggessi) foi enviada para a casa dos avós maternos na Bahia. Bruninho (interpretado pelos irmãos Natã e Andrey Beltrão) foi matriculado em uma creche em período integral. Rachel (Carla Diaz) e Tide (Samuel Melo) foram para uma colônia de férias - em pleno outubro - e Fabio (Max Fercondini) foi para o exterior. A atriz Julia Almeida, que tinha 17 anos na época e interpretava Stella, irmã de Edu e tinha funções importantes na trama, conseguiu uma mandato de segurança para continuar na novela, segundo reportagem da Folha.
A Globo teve de regravar as cenas do casamento sem a presença de crianças, e teve prejuízo de R$ 100 mil. Na época, em nota o Ministério Público do Estado disse que "não faz parte de suas atribuições censurar qualquer produção artística ou cultural [...] foram propostas ações com o objetivo de que cenas de violência e sexo sejam exibidas em horário adequado, segundo a classificação indicativa do Ministério da Justiça", e que a emissora estava 'abusando' do 'direito de liberdade de expressão'.
Manoel Carlos, autor de Laços de Família e pai de Julia Almeida criticou a justiça pela censura à novela e por proibir a presença da sua filha, menor de idade, na trama: "Além de autor da novela, e um autor muito consciente, tenho uma filha adolescente de 17 anos que trabalha nela (a personagem Stela) e não admito e não permito que um juiz ou o até presidente da República, seja lá quem for, interfira no meu direito de pai, de autorizar milha filha a participar da novela", declarou o autor Maneco, na época, ao Estadão. Para a Folha, Maneco disse: "Não admito que ninguém, sob qualquer pretexto, dê ordens e estabeleça normas para a minha família. Seja um juiz, o presidente da República ou o papa. Essa gente que vá cuidar das crianças que estão nas ruas, sem oportunidade de trabalho. Minha filha estuda, ganha seu salário, trabalha oito horas por dia. É o que eu queria para todos os adolescentes do meu país."
Mas não foi apenas Laços de Família que sofreu com a censura não. A novela Uga-Uga, de Carlos Lombardi, a banheira do Gugu, do SBT, e os programas Clipper e Festa do Malandro 1, da TV Gazeta, também foram reclassificados.
AUDIÊNCIA
No dia que o capítulo, do capítulo foi ao ar a novela marcou picos de 59 pontos. Os atores da novela chegou a ir a Brasília almoçar com o presidente da república, Fernando Henrique Cardoso. "Só espero que o presidente não se deixe vender por um prato de comida", comentou o presidente da CNBB, dom Jayme Chemello, na época. Tanto o bispo, quanto o Ministro da Justiça disseram que não se tratava de censura: José Gregori disse que "Está evidente que o Brasil não quer censura, mas também não quer procariada".
A sequência do casamento, além de toda esta polêmica, que obviamente chamou mais atenção do público. Manoel Carlos preparou cenas importantes ao ar, como a cena em que Clara (Regiane Alves) desmascara Capitu (Giovanna Antonelli), contando no microfone para todos que a jovem era garota de programa. Clara ainda disse que queria que algum juiz tirasse Bruninho da rival, levando um tapa na cara.
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