A busca de diversidade na televisão brasileira é um tema cada vez mais abordado atualmente, diretores, autores e executivos do audiovisual, seja ele televisão ou streaming, tem falado sobre isso de maneira enfática em diversas reportagens e entrevistas, a primeira protagonista negra de uma telenovela brasileira foi apenas em 1997, na extinta TV Manchete, Tais Araújo, viveu a protagonista Xica da Silva, ex-escrava que virou rainha no interior de Minas Gerais.
De lá para cá, o avanço da diversidade racial na tela é notável, porém muito longe do ideal em um país que 55% da população se considera pardo ou negro, o avanço na tela segue sendo um trabalho de formiguinha.
Se hoje se fala muito sobre o assunto, é que no passado muito se foi discutido, especialmente em novelas que tinham sequer um negro presente ou negros representando escravos ou empregados, como a novela A Viagem, de Ivani Ribeiro e Solange Castro Neves, no ar atualmente no Canal Viva.
Em reportagem da Folha, intitulada como “Democracia racial chega no céu de ‘A Viagem’” mostra o quanto militantes afro, em 1994, pediram por mais representatividade na tela, apenas no capítulo 146 da novela, é que uma pessoa negra aparece no céu por exemplo: é Léa Garcia, uma das maiores atrizes que temos no país.
“Eles pediram gente de todo o tipo, negro, branco, japonês e índio, mas nas primeiras gravações os negros quase não apareceram", lembra o produtor Carlos Dias, 27, da agência de figurantes Ceumar. Um erro de direção teria causado todo o desconforto, segundo a reportagem. Já existiam pessoas negras “no céu” de A Viagem mas elas não apareciam na tela por erro da direção que não o captava.
‘Os atores negros foram recrutados desde o início das gravações do céu, em agosto. Não eram mostrados pelas câmeras, mas estavam lá. Os diretores e assistentes da novela não gostam de falar sobre o assunto. Um deles, em conversa informal com a reportagem da Folha, admitiu que houve um cochilo de marcação nas primeiras tomadas’, informa a reportagem.
``Eu rodei a baiana lá na produção e perguntei se negro não entrava no céu", diz Don Marco Maguila, 43, dono da agência de figurantes Afro Brasil, na época.
Na trama, os protagonistas Alexandre (Guilherme Fontes), Otávio Jordão (Antônio Fagundes) e Diná (Christiane Tornoli) vivem o enredo de amor e ódio de vidas passada, que nesta vida, são resolvidas através do espiritismo. O primeiro após se matar na prisão vai para o “inferno”, de onde se vinga indevidamente dos infortúnios do destino do médico Otávio e de outros personagem que rondaram sua vida na terra.
Os personagens negros ou pardos só aparecem na tela depois de muita novela no ar, estão eles servindo na fazenda de dona Guiomar (Laura Cardoso) e são vividos por Solange Couto e Gésio Amadeu. A única personagem presente desde o início é Francisca (Maria Alves), empregada de Guiomar.
0 Comentários