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Walcyr Carrasco: "Sempre sinto um frio na barriga antes das estreias", autor de 'Terra e Paixão'


Um dos maiores nome da televisão brasileira Walcyr Carrasco coleciona sucessos - e polêmicas. O autor de novelas como O Cravo e a Rosa, Amor à Vida, Verdades Secretas e atualmente Terra e Paixão, trama escalada para recuperar a audiência da faixa nobre e até então citada como uma das mais longas dos últimos anos, ultrapassando 200 capítulos.

O autor tem em seu currículo arrasa quarteirões e assim como tem alguns sucessos tem muita polêmica, seja na condução das tramas - com processos de sindicatos de classes trabalhadoras, como dos enfermeiros durante a novela Amor à Vida, ou brigas com o elenco, como com a Marina Ruy Barbosa, na mesma novela. Walcyr não esconde o gênio forte, já brigou com dois diretores: Mauro Mendonça Filho e Amora Mautner, com quem dividiu sucessos como a já citada Amor à Vida e A Dona do pedaço, respectivamente.

Na próxima segunda-feira (8), Carrasco estreia a novela Terra e Paixão, novela que ele promete renovar a sua linguagem e enredo, traz um tema que está há muito tempo sendo discutida: o agronegócio, serão abordados ainda, o preconceito contra pessoas com albinismo, a dependência de remédio tarja preta e a violência doméstica: "Infelizmente a violência doméstica é um tema sempre presente na nossa sociedade, muitas mulheres sofrem agressões dentro de casa", conta Carrasco.

Entre as novidades está a parceria com Luiz Henrique Rios, que estreia na faixa das 21h. Embora já tenham trabalhado em A Padroeira (2002), esta é a primeira parceria do diretor na direção geral. Rios, vem de grandes sucessos da faixa das sete, como Totalmente Demais e Bom Sucesso, de Rosane  Svartman e Paulo Halm, e mais recentemente Além da Ilusão, com Alessandra Poggi - que deve assinar uma das próximas novelas das nove. "A novela é um lugar muito caro para os brasileiros e o desafio é conseguir de alguma maneira entrar na casa das pessoas, no lugar mais íntimo delas, e poder respeitosamente contar uma história. O que eu mais me interesso hoje, além de construir uma estética, uma narrativa, é o trabalho com os atores", conta Luiz Henrique Rios.

CONFIRA ABAIXO A ENTREVISTA COM WALCYR CARRASCO E LUIZ HENRIQUE RIOS

WALCYR CARRASCO: É uma novela clássica, que mostra a força do amor e a superação. Com uma trama que se apresenta através de um grande drama amoroso e uma luta por herança, dentro de um ambiente agrícola, rural, uma parte do país ainda desconhecida por muitos, de uma maneira que não estamos acostumados a ver em novelas.    

Qual foi sua principal inspiração para começar a escrever essa história?
WC: Nasci no interior de São Paulo, em Bernardino de Campos, e fui criado em Marília, meus avós vieram da Espanha para trabalhar no campo. A agricultura me fascina e descobrir o nível de tecnologia a que se chegou nos dias atuais foi surpreendente. Meu tio foi missionário em Dourados (Mato Grosso do Sul), quando eu era criança, e lembro que fui visitá-lo com a minha mãe. Foi uma viagem inesquecível, que me marcou muito, onde conheci a famosa terra roxa, ou como também se diz, terra vermelha, uma terra muito fértil. Isso ficou em minha memória. Com isso, voltei ao Mato Grosso do Sul duas vezes, realmente fiquei fascinado pela tecnologia implantada na agricultura nos dias atuais. Subi em uma colheitadeira, que, só para chegar na cabine, tinha dois lances de escada ao entrar. Descobri um computador que monitorava todo o mecanismo da máquina, e seus resultados. Foi uma experiência única, que me impactou. Um Brasil que eu pouco conhecia e imaginei que seria um bom cenário para a trama dos personagens. Um país que, assim como eu, muitas pessoas não conhecem, porque poucas vezes foi mostrado dessa maneira na televisão.

'Terra e Paixão' vai trazer vários temas além dos contidos na história central. Delicados, como a trama da Petra (Debora Ozório), viciada em remédio tarja preta, até os relacionamentos em sites e aplicativos de conteúdo adulto. Por que tratar esses temas na novela?
WC: Acho que é papel da novela trazer temas que são sensíveis e comuns a todos nós. Vejo conversas sobre drogas proibidas por lei, mas muito pouco das que são dadas com receita médica e que provocam vício também. A personagem da Debora mostra exatamente essa situação, é importante lembrar que todo agente químico tem reações e por mais que a princípio seja legalizado, pode viciar. Um drama muito real e atual. Já a Anely (Tata Werneck), eu conheci pessoas que ganham a vida através de sites eróticos, mostrando o corpo. É algo extremamente atual, uma discussão curiosa. Tata saberá fazer esse personagem com maestria, humor e, ao mesmo tempo, a seriedade que também precisa.   

A violência doméstica será abordada na trama de Lucinda (Débora Falabella) e Andrade (Ângelo Antônio). Em outras obras suas, como ‘O Outro Lado do Paraíso’, esse tema também esteve presente. Acredita na força da novela para ajudar pessoas que passam pelo mesmo problema?
WC: Infelizmente a violência doméstica é um tema sempre presente na nossa sociedade, muitas mulheres sofrem agressões dentro de casa. É uma forma de defender a mulher, de dizer que há alternativas, que essa dor pode ter cura.

Como foi o processo de escalação do elenco?
WC: Participei de todo o processo de escalação do elenco, mas alguns atores já estavam na minha cabeça quando comecei a escrever a novela.    

Como está sendo a parceria com o diretor artístico Luiz Henrique Rios, com quem está trabalhando pela primeira vez?
WC: Luiz Henrique não é só um diretor maravilhoso, mas se tornou um amigo. Dividimos todos os assuntos, é um prazer trabalhar com ele.    

Suas novelas são marcadas como grandes sucessos. A que credita o êxito das histórias?
WC: Eu vivo intensamente cada personagem, choro e rio quando escrevo. Se minhas emoções são autênticas, acredito que o público saberá compartilhá-las. Sobre 'Terra e Paixão' ser um novo sucesso, a gente nunca sabe antes de estrear, mas prometo fazer o melhor. Sempre sinto um frio na barriga antes das estreias, ainda mais agora com um projeto tão importante, que mostrará aspectos lindos, mas também dramáticos da sociedade brasileira.

Qual mensagem pretende transmitir para o público?
WC: A força do amor e a superação.    


Entrevista com o diretor artístico Luiz Henrique Rios

Como você define ‘Terra e Paixão’?
LUIZ HENRIQUE RIOS
: 'Terra e Paixão' é uma novela sobre o amor, mas não apenas o amor romântico, é também sobre superação,  justiça, reparação. E não uma reparação como vingança, e sim uma construção de um ideal de futuro. A protagonista, Aline, é uma mulher que vai fazer acontecer uma vida nova a partir de uma tragédia e buscar a justiça. É uma novela sobre a superação dos seres humanos, sobre a possibilidade de cada um se reconstruir mesmo carregando dores profundas.

Quais são os desafios da direção na abordagem desse cenário onde a novela é ambientada?
LHR: 'Terra e Paixão' é uma novela que se passa no interior moderno do Brasil. Estamos discutindo esse lugar mais profundo de cada um, então esse interior é real, moderno, atual, mas, ao mesmo tempo, temos personagens que vivem conflitos muito próximos de todos nós. Acho que a história vai tocar profundamente as pessoas e conseguir envolvê-las na vontade de assistir o caminho desses personagens, porque eles falam daquilo que é mais íntimo de cada um de nós, dos nossos medos, necessidades, desejos, fantasias. É uma novela sobre o profundamente humano.  

Como está a parceria com Walcyr Carrasco?
LHR: Esse é o meu segundo trabalho com o Walcyr. No começo dos anos 2000 fiz parte da equipe de direção de ‘A Padroeira’ e lá nos conhecemos. Desde então, não tivemos a oportunidade de nos encontrar novamente e está sendo um prazer, uma parceria muito sincera, franca, positiva. Estou muito encantado com a troca que a gente está construindo. É uma grande honra porque o Walcyr não é só um autor, ele é um ícone, então para mim está sendo uma descoberta maravilhosa.

Como foi a preparação do elenco? De que forma esse processo contribui para o sucesso da novela?
LHR: O processo de preparação de uma novela é fundamental. A equipe cria uma identidade a partir da relação e sua visão estética. Estamos falando de gente, e na construção da entrada do elenco na obra, na possibilidade de criar esse espírito de trupe. A arte, principalmente essa arte do audiovisual, é muito coletiva e eu acho que é preciso fazer com que todas as pessoas entendam que estão todos ali para dar o seu melhor e que cada um está em busca do melhor para o outro, porque a troca é o caminho da cena e é isso o que vai para o ar. Tentamos ao longo desse início construir um ar de conforto, de acolhimento, para que o público possa se sentir acolhido com o que a gente faz. Precisamos de muita intimidade, e essa intimidade tem de ser um lugar de respeito, de acolhimento e de carinho.

No núcleo do Bar de Cândida (Susana Vieira) teremos shows de música sertaneja. Como foi a escolha da trilha sonora?
LHR: Junto do Walcyr, conceituamos que a novela teria uma grande base de música que podemos chamar de sertanejo. Sertanejo é uma quantidade de estilos muito grande, estamos tentando ter um pouco de tudo, mas não só, para também não ter o efeito de um único estilo. Estamos com um aspecto bem interessante de canções tanto no universo country internacional quanto no universo sertanejo, das canções mais antigas às modernas. Esse aspecto também se abre um pouco, os personagens respiram outros universos e a trilha no sentido de ambiência é um lugar bem interessante. Acho que o público vai perceber algo entre o tradicional e o moderno que fala muito do que eu percebi no Mato Grosso do Sul. Tem algumas músicas mais clássicas do sertanejo que estamos regravando com vozes atuais, é uma maneira de a gente atualizar um pouco alguns clássicos e renová-los para que eles circulem novamente.

De que forma o universo do agronegócio será retratado na novela?
LHR: A novela não é sobre o agronegócio brasileiro, mas nesse cenário há uma família muito poderosa, dona de muitas terras, e uma mulher que resolve empreender e se transformar em uma produtora rural. A novela se passa em uma cidade fictícia do Mato Grosso do Sul, uma área que a gente pode chamar de um grande cinturão do agronegócio brasileiro e ali a gente conta um pouco, muito mais visualmente do que conceitualmente, desse universo. As pessoas vão se surpreender positivamente porque as imagens são muito grandiosas, muito bonitas, eu acho que mesmo quem vive nesse universo talvez não veja o tempo todo com esses olhos porque está ali produzindo, trabalhando.

Além do universo dos produtores e trabalhadores rurais, a novela apresenta temas como assédio sexual, relacionamento abusivo, violência doméstica, dependência química, albinismo, questões de gênero, entre outros assuntos. Como pretende abordá-los?
LHR: Em uma novela das nove, você acaba tocando em uma série de questões que são absolutamente reais dentro da sociedade brasileira. O que buscamos émostrar o quanto esses processos são ao mesmo tempo dolorosos e possíveis de serem superados. É um lugar de tentar colocar uma conversa inspiracional no caminho de busca de soluções.  São personagens que vivem dentro dessas estruturas como vivem dezenas de milhares de pessoas, que sofrem de situações complexas. Estamos falando de gente, e essas pessoas vão viver isso. Buscamos o tempo todo o respeito e acolhimento.

Sobre a formação do elenco, temos muitos atores em seu primeiro trabalho em novelas ao lado de veteranos. Essa junção ajuda na direção do ator?
LHR: No início do projeto, ao ler a história, você começa a pensar rostos e eles são seres magníficos, os tais atores, muito especiais. Temos um monte de gente maravilhosa, pessoas que eu não conhecia, outras que já havia trabalhado, mas que estão me inspirando profundamente. Acho que vai ser fantástico para o público assistir a essas trocas de experiências entre o elenco. Quando você junta pessoas que têm uma experiência muito grande no veículo e pessoas que têm muito pouca ou nenhuma, isso resulta em troca. Isso gera um processo de energia que tem uma vibração diferente. Estou bastante feliz, espero que quando for ao ar as pessoas fiquem tão felizes quanto eu.

Como foi o teste de Barbara Reis para ser a protagonista dessa história? O que motivou a escolha da atriz?
LHR: Na busca por uma protagonista há um grande desafio, porque difere qual é a quantidade de histórias que essa atriz já percorreu, e a gente tinha uma missão que era construir a Aline. Ela não é uma mulher qualquer, a Aline é uma grande lutadora, é uma mulher brasileira, é uma mulher passando por uma situação de profunda injustiça, que vai se reconstruir, ela é uma grande heroína e a gente queria que ela representasse a maioria do povo brasileiro. O representar o Brasil é um lugar importante e aí fomos buscar possibilidades. A Barbara ganhou esse papel pela capacidade de construir a Aline que a gente precisava. Essa não foi uma escolha simples, foi muito buscada, mas acho que as pessoas vão se surpreender com o lugar da simplicidade da representação da Barbara, porque ela tem essa força.

Você assinou a direção de muitos sucessos nos últimos anos. Agora em ‘Terra e Paixão’ é a sua estreia no horário das nove como diretor artístico. Estar à frente da direção desse projeto já te desafia de alguma forma?
LHR: A expectativa é que as pessoas gostem, se divirtam. A novela é um lugar muito caro para os brasileiros e o desafio é conseguir de alguma maneira entrar na casa das pessoas, no lugar mais íntimo delas, e poder respeitosamente contar uma história.O que eu mais me interesso hoje, além de construir uma estética, uma narrativa, é o trabalho com os atores.    

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