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No réveillon de 1988 a 1989 o 'Bateau Mouche' afundava e matava 55 pessoas

Era 23h50 quando o barco de passeio Bateau Mouche IV afundou, em um acidente que matou 55 pessoas, entre eles Yara Amaral, atriz de grande sucesso de público e crítica. Atores como Sergio Mamberti e Yolanda Cardoso, também foram convidados, mas não estavam na embarcação.

Com superlotação, o barco tinha cerca de 140 pessoas a bordo, foi duas vezes detido pela Polícia Marítima, mas liberado em seguida. Entre os sobreviventes o ex-Ministro do Planejamento Aníbal Teixeira se salvou, sua esposa morreu. Enquanto, o barco afundava 60 toneladas de fogos de artifício faziam a festa na orla de Copacabana, transmitido pela TV Globo, narrado pontualmente por Dirceu Rabello que "anunciou a chegada de 1989 em oito idiomas diferentes para cerca de dois milhões de pessoas que se espalhavam pelo calçadão e areia", conta O Globo.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, um jovem brasileiro de 15 anos e outros dois jovens americanos de 18 anos, morreram em uma explosão causada pela fabricação de uma bomba caseira para o Reveillon. O jovem, era filho da diplomata brasileira Vera Barrouin. A Globo, como dito acima, transmitia o réveillon de Copacabana e estava com o repórter Renato Machado, pronto para entrar no ar, quando soube da tragédia foi a primeira equipe de TV a chegar ao local.

"Quando atravessamos em direção a Copacabana, a traineira onde estávamos jogava muito. O Lúcio não conseguia nem enquadrar a praia, porque o barco subia mais de um metro e meio com o movimento das ondas. Todo mundo passou mal, enjoou, inclusive nós. Teve um momento em que eu disse: ‘Olha, as ondas estão tão altas e não vai melhorar. Nós não vamos conseguir nenhuma imagem. Vamos voltar.’ Quando voltamos, tivemos a notícia de que tinha havido um grande naufrágio, entre a Urca e Copacabana, mais ou menos na altura da Praia Vermelha, e que havia muitos mortos. Eu então perguntei a alguém ali: ‘Mas estão levando os mortos para onde?’ Essa pessoa respondeu: ‘Para o Iate Clube.’ Aí eu disse ao cinegrafista: ‘Vamos entrar no carro e vamos para o Iate Clube.’ Quando chegamos no Aterro do Flamengo, duas ambulâncias dos bombeiros seguiam em alta velocidade. Eu falei: ‘Fica atrás delas e vai onde elas forem!’ E fomos. Quando entramos naquele Salvamar, o portão rapidamente se fechou, mas a gente conseguiu passar. Então, não tinha ninguém, nenhuma televisão quando chegaram os primeiros corpos", relata Renato Machado ao site Memória Globo.



Os sobreviventes foram resgatados pela traineira Evelyn Maurício e pelo iate Casablanca que chegaram ao local em seguida, assim como os corpos das vítimas. No dia seguinte, a repórter Sandra Moreyra, que estava grávida fazia a cobertura da tragédia. "Eu passei o dia lá vendo gente chegar afogada. Nunca vi uma coisa assim, tinha vontade de chorar a cada minuto. Era um horror. Chegavam famílias inteiras afogadas, pai, mãe, filho. Vinha alguém, reconhecia e levava embora. De repente, chegava outra lancha dos salva-vidas com mais um monte de gente", relatou a repórter ao Memória Globo. "Eu fazia flashes ao vivo, até que chegou uma hora em que me ligaram e falaram: ‘Pode ir embora’. Depois descobri que os telespectadores tinham ligado para a TV Globo: ‘Tira essa grávida daí, tira essa grávida daí’", completou.



A Globo fez uma cobertura gigantesca da tragédia, o repórter Francisco José pegou uma câmera aquática no almoxarifado da emissora e fez imagens de dentro da embarcação, horas depois da tragédia e todo molhado, foi junto com um motoboy para a Globo editar e colocar a reportagem no ar: "Era fundamental ter o nome Bateau Mouche para mostrar no Jornal Nacional. Até que encontramos. Quando eu voltei para a  Marina da Glória, fiz o texto com o Lúcio Rodrigues, que hoje é um dos maiores cinegrafistas da Globo. Naquela época, ele estava chegando do Rio Grande do Sul, era um dos primeiros trabalhos dele. Ele estranhou porque eu disse: ‘Liga aí que eu vou gravar o áudio’. E gravei tudo o que tinha visto, sem escrever nada, porque não tinha tempo. Tinha um motoqueiro esperando para levar a fita, já eram sete horas da noite. Perguntei se podia ir junto, para ajudar na edição. Fui com roupa de mergulho para a redação, entrei, muita gente ficou curiosa para ver o Bateau Mouche", relata José.

Segundo Heloisa Maciel, ao jornal O Globo, 'pouco antes de a embarcação virar, vários copos, mesas e cadeiras começaram a cair na água pelo lado direito da popa do barco, por onde começou a entrar água.'

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