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"É na percepção sobre 'quem eu sou, não depende de como me visto'", Silvero Pereira em #aForçaDoQuerer

Silvero Pereira que viverá Nonato e Elis Miranda na novela "A Força do Querer" debatendo a Questão de Gênero (divulgação/TVGlobo) 
Os personagens gays não são nenhuma novidade na teledramaturgia brasileira e muito menos nas obras da autora Gloria Perez, que volta ao horário nobre depois de quatro anos com a novela "A Força Do Querer", a partir do dia 3 de abril. Foi através da autora que a Globo gravou a primeira cena de beijo gay na televisão brasileira, porém com medo da reação do público, a emissora decidiu, minutos antes de exibi-la, por cortá-la: "Fiquei frustrada, mas entendi: em todo lugar do mundo as emissoras tomam decisões assim, avaliando o perfil do seu público", comentou a autora em entrevista exclusiva em janeiro.

A militância LGBT resolveu então a fazer um boicote contra a "Belíssima", de Silvio de Abreu, que veio na sequência, além de fazer um beijaço contra a Rede Globo na porta dos Estúdios Globo, no Rio. Embora não seja um tema novo, a transexualidade ainda é tratada como grande tabu na teledramaturgia nacional, são poucos os personagens que tiveram destaque ou foram tratados com humanidade pelos novelistas.

A década de 1980 foi marcada pelo aparecimento de transformistas na televisão brasileira, especialmente no Programa Silvio Santos em que elas se apresentavam fazendo números musicais, mas foi com Roberta Close, do alto de seu 1,80 de altura que o Brasil passou a discutir, mesmo que indiretamente, a questão de gênero. Close, nasceu Luis Roberto Gambine Moreira, e passou a buscar a identificação feminina, como explica o livro "O que é transexualidade", de Berenice Bento.

No final dos anos 1980, o primeiro personagem trans foi inserido em uma telenovela brasileira. Foi pelas mãos do militante Aguinaldo Silva, que Ninete (Rogéria) nasceu e marcou história na novela "Tieta" (de Aguinaldo com Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzshon). Ninete era a procuradora de Tieta (Betty Faria) que ajudou Timóteo (Paulo Betti) em São Paulo e depois surpreendeu a todos na pacata e hipócrita Santana do Agreste. "Ninete é uma procuradora, que é um procurador", afirmava Tieta aos moradores da cidade, em um ar cômico, que dominava toda a trama de Aguinaldo. Em tom provocativo os autores fizeram com que o padre da novela defendesse a personagem, era algo inovador.

Gloria já tentara emplacar uma trama que abordaria a temática ainda na década de 1980, após ler o livro 'João ou Joana', de João Nery. "Eu fiz uma sinopse, chamada 'Corpo e Alma', por que me impressionou e eu nao sabia nem onde procurar saber, o que era isso. Mas aí claro foi considerada uma coisa muito... Não é nem tabu, por que realmente, ninguém falava disso, não tinha nem este nome: 'transgênero' entende?", disse a autora em entrevista ao programa de rádio "De Cara", na FM O Dia.

Em 1996, uma trans foi inserida pela primeira vez em uma telenovela do primeiro ao último capítulo. Com trama própria e torcida do público Sarita Vitti (Floriano Peixoto) teve cena estridente logo no primeiro capítulo, que ao ser ofendida dentro de um bar, respondeu a agressão verbal com um soco. A personagem foi totalmente desenhada para acabar com o preconceito do público com pessoas trans e construída com diálogos e situações humanizadas. Vinte dias após a estreia o ator Floriano Peixoto foi categórico em defender a personagem: "A ideia era viver o limite entre homem e mulher. Não queríamos definir como 'drag queen' ou 'travesti'. A melhor definição para Sarita é sua alma feminina", comentou o ator em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

A militância LGBT, na época, não poupou a novela de críticas: "Parece uma bicha louca, está afetado demais, agressivo e grotesco. É mais um travesti, porque se veste de mulher durante o dia", disse Isabelita dos Patins também ao jornal Folha de S. Paulo. Nota-se que na época nem mesmo a militância tratava as trans com o artigo feminino, era uma época em que quase nada se tinha de conhecimento sobre este público e que muitas vezes a imprensa o tratava na marginalidade e em termos de chacota, usando termos como 'traveco' e nomes de guerra, para resigná-las.

A alma feminina dita por Peixoto, fez com que a trajetória da personagem caísse no esteriótipo feminino: "ser mãe". Durante a trama Sarita lutou na justiça para adotar uma criança portadora do vírus da Aids, mas em foi vão. A autora em entrevista na época disse que a intenção era quebrar todos os preconceitos em torno deste público.


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MERCHANDISING SOCIAL

Vanguardista, a autora tem em sua marca registrada a construção de tramas calcadas na realidade. Foi assim em todas as suas novelas:

"Partido Alto", em 1984, a Globo uniu os dois iniciantes novelistas Gloria Perez e Aguinaldo Silva na novela "Partido Alto", nesta novela foi inserida a pela primeira vez uma campanha social onde uma mulher rclamava que tinha de andar por quilometros entre sua residência e o único ponto de ônibus no bairro em que morava no subúrbio do Rio. Ainda cokm a novela no ar a Prefeitura da cidade, criou uma linha de ônibus para atender os moradores da cidade.

"Carmem", em 1987, chateada por ter a sinopse da novela "De Corpo de Alma" engavetada por ser fantasiosa demais, a autora foi convidada por José Wilker para ir para a Manchete, onde assinou a novela Carmem. Em uma época em que pouco se sabia sobre a Aids, Gloria abordou o assunto com uma mulher que contraía a doença através de uma transfusão de sangue. Durante a trama uma campanha para combater o preconceito foi lançada, com a participação do antropólogo Betinho de Souza, explicando aos vizinhos desta mulher o que era a doença.

"Barriga de Aluguel", 1990, de volta à Globo, a autora sacudiu o país com a trama de uma mulher Beatriz (Cássia Kiss) que aluga a barriga de uma garota Ana (Claudia Abreu), por não poder ter filhos, mas esta garota por instinto maternal acabou por não querer dar a criança para Beatriz e então passaram a disputar a maternidade da criança na justiça. Foi um tema totalmente inovador, onde a massa sabia pouco sobre a fertilização in-vitro.

"De Corpo e Alma", 1992, um homem recebe o transplante de coração de um homem, que estava prestes a se casar, este homem acaba se envolvendo com a noiva do seu doador. No primeiro mês da novela o Instituto do Coração (InCOR) recebeu nove órgãos para transplante.

"Explode Coração", 1995, a trama foi marcada por uma série de polêmicas. Os protagonistas se conheceram através de um bate papo pela internet, e se apaixonaram. Além deles, outros casais se formaram pela internet. Além dos personagens ciganos, que era um mito e totalmente marginalizados no país. A trama discutiu temas importantes para a sociedade como romance entre mulher mais velha e um jovem rapaz e uma criança que foi sequestrada, fazendo uma campanha em busca de crianças desaparecidas. Gloria inaugurou na revista Contigo! a seção "Fale com o autor", em que respondia, através de cartaz e e-mails (na época chamado de correio eletrônico) sobre personagens.

"O Clone", 2001, vinte dias após os ataques terroristas do World Trade Center, o assunto principal da trama foi a cultura muçulmana e seus costumes. Na novela ainda foi discutido a dependência química e mais polêmico de todos: a clonagem humana através dos protagonistas.

"América", 2005, a protagonista Sol (Déborah Secco), tinha como sonho ir para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor, passando por uma série de empecilhos, como atravessar a fronteira pelo México, sendo vítima de traficantes de pessoas, um outro núcleo também discutia a imigração ilegal nos Estados Unidos. A trama foi ao ar há doze anos, e hoje em dia o assunto continua em discussão nas políticas do presidente americano, Donald Trump. O mundo dos rodeios, homossexualidade e experiência de quase morte sacudiram o país.

"Caminho das Índias", 2009, a autora foi buscar inspiração na cultura indiana para contar a história de Maya (Juliana Paes) que ao se apaixonar por um homem de casta inferior, viveu as dores desta paixão. Na novela ainda foi discutida a psicopatia de uma mulher que acabou com a vida de uma família e da esquizofrenia de Tarso (Bruno Gagliasso) e da vida do badboy Zeca (Duda Nagle) que tinha o apoio dos pais em tudo. As situações que sacudiram a sociedade.

"Salve Jorge", 2012, o tráfico de humanos foi o tema central da novela, que colocou pela primeira vez uma favelada, negra e mãe solteira como heroína, a audiência reagiu negativamente à novela. A autora teve a ideia de falar de tráfico de humanos, ao ver cartazes em aeroportos denunciando a prática. Além disso, o combate ao tráfico em uma favela carioca também foi abordado.


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POLÊMICA

Desta vez não será diferente, das tramas já divulgadas quatro delas são inspiradas em pessoas, direta e indiretamente, da vida real. A identidade de gênero será um dos temas que a autora irá discutir no horário nobre, em "A Força do Querer". Quando anunciou que na sua próxima novela teria um personagem trans, em junho do ano passado, a internet parou para cobrar que a personagem fosse interpretada por atriz trans. O nome de Carol Duarte foi divulgado e choveram críticas pelo fato da atriz ser cis gênero - pessoa que se identifica com o sexo e corpo de nascimento.

Mas a autora surpreendeu e disse que a personagem seria uma trans homem - quando uma mulher não se identifica com o corpo feminino e fará a transição para o corpo masculino. "Farei um trans homem, muita gente não estava sabendo disso, achavam que seria um homem virando mulher", disse a novelista em entrevista o site EGO ao visitar a OGN 'Projeto damas', no Rio de Janeiro.

Ivana (Carol Duarte) foi criada pela mãe com todas as pompas e feminilidades, porém passará a discutir sua própria sexualidade e identificação com o corpo. Na chamada da novela a personagem diz:

- Você já teve a sensação de se olhar no espelho e sentir que tem uma pessoa dentro de você que não é a pessoa que o espelho está mostrando?, questiona a personagem. 

No vídeo que a emissora exibiu para a imprensa mostra uma situação em que o questionamento da personagem é ainda maior. A personagem aparece se olhando no espelho e se batendo semi nua, sofrendo com o que se vê e o questionamento da mãe: "Onde foi que eu errei? Só o que eu me pergunto: onde foi que eu errei", que será interpretada por Maria Fernanda Cândido.

A vida de pessoas trans é ainda mais complexa do que se pode imaginar, e esta complexidade será explorada em cena, é comum que transgêneros digam que são infelizes. Ao darem início à transição de gênero, essas pessoas passam por psicólogos a fim de esclarecer se este tipo de ação é de fato primordial. Como Melissa Doblado, de 12 anos, que foi uma das entrevistas por Renata Ceribelli na série "Quem Sou Eu?", que estreou há duas semanas no "Fantástico", na Globo. Melissa passa no psicólogo no Hospital das Clínicas em São Paulo. 

Quando foi questionada se a maquiagem servia para reforçar que era uma menina, Melissa, foi categórica: "Não, sempre me senti menina. Independente de maquiagem", disse a garota. Para a mãe de Melissa, Katia Doblado entender o que acontecia com a filha foi complicado e doloroso. "Se eu pudesse escolher escolheria um filho homossexual e não trans. Por que homossexual não toma hormônio, não muda o nome, não faz bloqueio. E o pior de tudo. Eles não são infelizes consigo mesmo", esta infelicidade está ligada a não identificação com o corpo, mas é a partir deste reconhecimento e mudança de feições daquilo que é para aquilo em que se deseja, que as pessoas encontram a felicidade.

Katia conta que sempre teve certeza que a filha seria homossexual, mas nunca passou pela sua cabeça que a personalidade da filha estava ligada não à sexualidade, até mesmo pelo fato dela ser uma criança, mas sim com a identificação de gênero. "Quando tive esse conhecimento, deixei ela ser ela na mesma hora, mesmo antes de ir ao HC", completou.

A maquiadora Melissa Hudson, 22 anos, também sempre se identificou com o corpo feminino. "Quando criança eu sempre me identifiquei com o universo feminino, eu queria viver daquela forma, via as meninas com cabelo comprido, brincando de boneca", conta a maquiadora que no ano passado por vítima de transfobia, ao andar pela rua Augusta em são Paulo.

"Sempre gostei de brincar de carrinho, mas aquela posição máscula que a sociedade esperava nunca foi um objetivo meu, porque eu não me via daquela forma", completa Hudson, que tinha como identificação apenas as Drag Queens, como referência. Com o tempo ela foi encontrando explicações para o que estava vivendo, ao tirar a maquiagem ela se sentia incompleta e como todo jovem do mundo atual o Google acabou por esclarecendo tudo. "Encontrei páginas falando sobre transexualidade e naquele momento eu fiz 'eah!', eu não sou só uma drag eu sou uma mulher trans, e a partir daí eu comecei a correr atrás de tudo que precisava para ser a mulher que eu me sentia, mas não via no espelho."

Lilah Pacol, 37 anos, se identifica com o corpo de mulher desde muito pequena. "Acredito eu que desde dos 5 anos. Já me olhava com forma feminina, tipo se deitar para dormir e idealizar cintura, quadris. Lembro de ficar deitada na posição lateral, onde essa forma fica mais evidente, para me sentir com corpo de violão", conta a cabeleireira.

Se Melissa não teve tempo de assumir sua identidade para os pais, que morreram quando ela ainda era uma adolescente, Lilah encontrou na família o apoio. "No início a reação familiar é sempre de repulsa e tentativas insistente de que você se posicione como o sexo biológico. Psicólogo, foi na época, a alternativa que minha mãe teve para tentar me entender e que respondessem às dúvidas dela", conta a cabeleireira que nunca pensou em fazer a cirurgia de redesignação sexual. "Na época em meados dos anos 1990 o preconceito era maior. Acredito que minha família, mais tentou me poupar do que me crucificar", completa ela.

Hudson conta que perdeu qualquer contato com os familiares, até mesmo com o irmão, que a bloqueou nas redes sociais, depois da morte do pai, em 2014. Melissa fez, entre outras, a cirurgia de feminização facial, toma hormônios e passa em médicos como endocrinologista. Quanto a cirurgia de redesignação sexual, ela espera que seja em breve "Estou vendo se vale mais a pena aqui ou fora do país. Ainda não tenho uma previsão".

Em virtude do lançamento da novela "A Força do Querer" o "Fantástico", programa jornalístico da Rede Globo, exibe há duas semanas a série "Quem Sou Eu?", para Melissa Hudson "Isso é bom, acho que muito do preconceito vem da falta de informação e quanto mais informação melhor".


A questão de gênero será ainda debatida com o personagem Nonato (Silvero Pereira), motorista da família de Eurico (Humberto Martins), um artista transformista que através do pseudônimo Elis Miranda, uma homenagem a duas grandes cantoras Elis Regina e Carmem Miranda, fará shows performáticos em uma boate na novela. "Como admiração por essas duas grandes artistas que carregam em sua trajetória grandes personalidades, garra, amor pela arte e transgrediram o tempo em que viveram", conta o ator em entrevista EXCLUSIVA.

Gloria se inspirou na vida de Silvero para a escrever o personagem, que foi especialmente criado para ele. Silvero estava em cartaz com a peça BR-Trans no Rio de Janeiro, quando Gloria - em fase de pesquisa para a novela foi assisti-lo. O convite surgiu primeiramente para uma participação e depois em um papel fundamental para a trama, o personagem ganhará destaque a partir do momento que Ivana passará a questionar com mais profundida o seu corpo feminino. "Nonato e Ivana devem se conhecer e se ajudar em suas descobertas como amigos", conta o ator.

Ainda na boate a atriz e militante transexual Jane Di Castro, que participa pela terceira vez de uma novela da autora, as outras duas foram em "Explode Coração" (1995) e "Salve Jorge" (2012), agora terá um papel maior e com falas: "Não é a primeira novela que ela [Gloria Perez] fala de transexualidade e a Gloria pesquisou bastante, me fez este convite para contracenar, fazer um papel legal", despista a atriz, sem dar detalhes do personagem. "Estou ansiosa para começar a gravar, a gente se realiza muito quando a gente mostra nossa trabalho de atriz, cantora... sei que vou fazer uma artista. [A Glória] faz temas maravilhosos, educativos e este tenho certeza será mais um sucesso", completa a atriz.

"Elis Miranda é um alter-ego de Nonato, neste núcleo ainda serão discutidos assuntos pertinentes ao público trans", explica Silvero Pereira, que rodou o país com as peças "Uma Flor de Dama" e "BR-Trans" sobre o universo de travestis e transexuais que são assassinadas no Brasil. Um relatório do "Trans Respect versus Transphobia", ONG que monitora crimes transfóbicos no mundo, o Brasil foi o país que mais matou trans entre 2015 e 2016. Foram pelo menos 123 mortes de travestis, transexuais ou transgêneros, quase três mais que o segundo colocado: México com 52 mortes.

GERALDOPOST entrou em contato com o ator Silvero Pereira que nos deu uma entrevista por e-mail. Silvero comenta o convite e a ansiedade em participar da novela em um personagem tão importante "O personagem Nonato foi sendo construído de uma maneira muito carinhosa pela Glória. Ela é uma mulher inspiradora no trato profissional e pessoal", comenta o ator que disse ainda que Elis Miranda e Nonato serão "é justamente a percepção sobre 'quem eu sou não depende de como me visto'"

GERALDOPOST: Como surgiu o convite para a atuar na novela?
SILVERO: O convite veio após a Glória ter assistido ao espetáculo BR-TRANS. Conversamos sobre a possibilidade de integrar o elenco e logo depois isso se concretizou. O personagem Nonato foi sendo construído de uma maneira muito carinhosa pela Glória. Ela é uma mulher inspiradora no trato profissional e pessoal.

GERALDOPOST: Como será seu personagem em "A Força do Querer"?
SILVERO: Nonato é um homem que sofre com sua identidade no interior do Nordeste e chega ao Rio de Janeiro para crescer como humano e profissional. A sua força está em acreditar no seu potencial como artista e por não se julgar fora das regras sociais, mas sim desrespeitado e agredido por uma imensa intolerância e preconceito. Assim como quase todo artista que vem do Nordeste para o sudeste, ele é um batalhador e não tem medo de trabalhar para se estabelecer e construir seu espaço. A força de Nonato é o seu querer por vencer na vida.

GERALDOPOST: A Glória me confirmou que você fará shows na novela, com a personagem Elis Miranda, que foi um nome escolhido por você. É uma personagem em homenagem à duas divas da música brasileira Elis Regina e Carmem Miranda?
SILVERO: Sim. O alter-ego de Nonato será Elis Miranda como admiração por essas duas grandes artistas que carregam em sua trajetória grandes personalidades, garra, amor pela arte e transgrediram o tempo em que viveram.

GERALDOPOST: Você terá dupla personalidade, uma de dia como motorista (o Nonato) e outra à noite (a Elis Miranda)? O que devemos esperar dos personagens?
SILVERO: Não existe dupla personalidade. Nonato é Elis Miranda e vice-versa. O que irá se desenrolar é justamente a percepção sobre "quem eu sou não depende de como me visto".

GERALDOPOST: Nonato será empregado da família do trans, Ivana (Carol Duarte), e terá grande importância na aceitação e mudança de gênero da personagem. Qual a expectativa para viver a personagem?
SILVERO: Ele será contratado por Eurico (Humberto Martins) como motorista. O que temos certo é esse momento de trabalhar duro para sobreviver e lutar por suas convicções. Ainda não sabemos muito sobre como as relações com outras personagens vão se desenrolar. Eu estou ansioso e nervoso. É meu primeiro trabalho na TV, me preocupa as expectativas e se irei entender rápido esse universo para aproveitar o máximo dele. Nervoso diante das grandes figuras que irei contracenar e que tanto admiro no televisão, mas muito feliz em saber que são pessoas queridas e com as quais irei aprender muito no Dia a dia. 

GERALDOPOST: O Nonato será uma espécie de tutor da Ivana (Carol Duarte)?
SILVERO: Nonato e Ivana devem se conhecer e se ajudar em suas descobertas como amigos.

GERALDOPOST: Está ansioso para a estreia da novela?
SILVERO: Sim. Ansioso e nervoso. Não conheço nada sobre atuar em televisão e espero muito aproveitar e aprender com os colegas de núcleo.

GERALDOPOST: Quais são os personagens do seu núcleo?
SILVERO: Eurico (Humberto Martins), Silvana (Lilia Cabral) e Jane de Castro.

GERALDOPOST: A história do personagem Nonato/Elis Miranda, tem muito de você. Você poderá improvisar ou será fiel ao texto da Glória?
SILVERO: Eu sou muito respeitoso com o texto. Faço isso no teatro. Só improviso se tiver muita segurança e dentro do contexto da cena. Somente pra somar e se tiver espaço. 

GERALDOPOST: Sempre quis fazer novelas? Já tinha realizado algum teste?
SILVERO: Sempre quis sim. Sempre amei ver novelas. Nunca havia feito teste. Estou muito feliz com a oportunidade.

GERALDOPOST: Está fazendo alguma preparação antes de começar a gravar?
SILVERO: Tenho mantido contato com a produção, Gloria e com as orientações vou construindo minhas percepção/ propostas.

QUEM É SILVERO PEREIRA:

Nome completo: Silvero Pereira do Nascimento. Idade: 35 anos. Ator: Jesuíta Barbosa. Atriz: Claudia Abreu. Cantor: Fagner. Cantora: Elis Regina. Livro da sua vida: A Porta Aberta, de Peter Brook. Qual livro está lendo (ou último que leu)?: Hamlet. Um ídolo: Minha mãe. Me deixa feliz: trabalho. Me deixa triste: não trabalhar. Eu tenho medo de: morrer. Meu sonho é: dar a volta por cima.